quarta-feira, 31 de março de 2010

Deputados comentam as provocações e ameaças feitas por Durval em depoimento

Luísa Medeiros
Samanta Sallum

Distritais, no entanto, não estão dispostos a pagar para ver o que vem do "rolo compressor


CAIXA DE PANDORA

As provocações, recados e insinuações de Durval Barbosa produziram reações diversas na Câmara Legislativa, mas nenhuma contundente. Foram poucos os deputados distritais com iniciativa ou disposição em comentar. Não se ouviu ontem em plenário discursos acalorados em defesa da Casa, colocada sob suspeita por Durval ao comentar que não falaria à CPI porque já tinha se pronunciado às instâncias em que “confiava”.

“A gente tem que superar essa fase de suspeição geral. Precisamos ter acesso ao conteúdo total do inquérito, mas com o que já está divulgado dá para a CPI trabalhar. Temos de virar essa página do que o Durval ainda vai fazer ou não”, comentou a presidenta da CPI, Eliana Pedrosa (DEM), tentando demonstrar que as provocações de Durval não surtiram efeito, pelo menos nela.

“Eu não conheço ele. Não sei do que fala. Não tenho nada a ver com isso”, limitou-se a dizer Cristiano Araújo (PTB). “Não me surpreendeu que Durval ficasse calado. Eu não acreditava que ele iria acrescentar algo”, também despistou Alírio Neto (PPS). O comportamento dos deputados ontem era de esforço para não vestir a carapuça lançada por Durval. A afirmação de um iminente “rolo compressor” deixa os distritais desconfortáveis. Jaqueline Roriz (PMN) fez que não viu nem ouviu. “Não estava lá no depoimento. Não sei o ele que falou. Prefiro não comentar”.

"Facilidade"
“Até no seu silêncio, Durval passou informações. Mesmo não falando, ele falou. Para mim, até foi farto o depoimento mesmo com habeas corpus”, comentou Chico Leite (PT). “Então ele não confia nem no irmão?”, comentou um deputado, referindo-se a Milton Barbosa ao comentar a declaração de que Durval não confia na Câmara. O fato é que a maioria não quer comprar briga com Durval. Parece não querer pagar para ver o que vem desse “rolo compressor”.

“Deve vir mesmo. Não duvido que nem 50% das denúncias tenham vindo à tona ainda. Incomoda-se com isso quem tem algo a temer. O PT não tem”, avaliou o presidente da Câmara, Cabo Patricio (PT). Na opinião do distrital Benedito Domingos (PP), um dos citados por Durval na Caixa de Pandora, a Polícia Federal tinha que ter acabado com a “facilidade” dada ao delator das denúncias de corrupção no GDF durante o depoimento. “Ele (Durval) tem a delação premiada e não pode só ficar soltando ameaças. Tem que contar logo o que sabe. Se vai vir o tal do rolo compressor, que venha desde 1999”, disse o deputado, destacando que as denúncias não podem ficar focadas na gestão de José Roberto Arruda. “Ele descobriu que o ataque seria sua melhor defesa”, afirmou Rogério Ulysses (sem partido).

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