domingo, 7 de março de 2010

MP investiga transações bancárias entre Bancoop e PT

O Ministério Público de São Paulo teve acesso, pela primeira vez, a registros de transações bancárias realizadas pela Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop) entre 2001 e 2008. Essas movimentações teriam como destino o caixa das campanhas eleitorais do Partidos dos Trabalhadores (PT), segundo reportagem da revista Veja que chegou hoje às bancas.

O MP investiga há quase três anos a Bancoop, que surgiu com a promessa de entregar imóveis com custos abaixo do mercado. De acordo com a revista, pelo menos 400 famílias movem processo contra a cooperativa. Muitas delas estão até hoje sem receber seus imóveis e outras alegam, na Justiça, dificuldade de continuidade de pagamento das parcelas em função de reajustes considerados acima do valor de mercado.

A investigação do MP, diz a revista, revela que saques em dinheiro feitos por meio de cheques emitidos pela Bancoop, para ela mesma ou seu banco, chegavam a R$ 31 milhões. Os recursos teriam sido usados para financiar, inclusive, a campanha de 2002 do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na última sexta, o promotor José Carlos Blat pediu à Justiça o bloqueio das contas da Bancoop. Além disso, solicitou a quebra do sigilo bancário do ex-diretor financeiro e ex-presidente da cooperativa, João Vaccari Neto. Ele é apontado como principal responsável pelo esquema de desvio de dinheiro da Bancoop. Recentemente, Vaccari Neto foi nomeado tesoureiro do PT. Entre suas novas atribuições, está a de cuidar das finanças da campanha eleitoral de Dilma Rousseff (PT) à Presidência.

Ainda segundo a revista, outros cheques, no valor total de R$ 10 milhões, foram encontrados. Eles eram referentes ao período de 2003 a 2005 e teriam como destino quatro dirigentes da cooperativa: o ex-presidente Luiz Eduardo Malheiro e os ex-diretores Alessandro Robson Bernardino, Marcelo Rinaldo e Tomas Edson Botelho Fraga. Os três primeiros citados morreram em um acidente de carro, em 2004, em Petrolina (PE).

Procurada, a Bancoop negou, por meio de seu advogado, Pedro Dalari, as informações divulgadas por Veja. Ele afirmou que a intensa movimentação bancária da cooperativa ocorre porque cada empreendimento tem uma conta corrente própria. Explicou ainda que a segmentação das contas foi feita em acordo com o próprio Ministério Público. Dalari disse ainda ver interesse eleitoral na divulgação da matéria às vésperas da instalação de uma CPI, requerida pelo PSDB, na Assembleia Legislativa paulista sobre a Bancoop
( Agência Estado)
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