Advogado dos Nardonis, Roberto Podval diz que não tinha expectativas sobre resultado diferente do anunciado ontem
Rodrigo Brancatelli - O Estadao de S.Paulo
Descalço, com a camisa amassada e aberta até o peito, rodeado de amigos e com um sorriso aliviado no rosto, Roberto Podval corta dentes de alho em pedaços pequenos. Não faz nem 1h30 que o julgamento do mais rumoroso crime da década acabou - a televisão instalada na parede do apartamento não deixa mentir; a apresentadora do canal Globo News ainda fala ao vivo sobre a condenação dos Nardonis.
Podval parece alheio ao burburinho. Depois de cinco longos dias de discursos, depoimentos, réplicas e tréplicas, o advogado de defesa quer apenas um copo de vinho e um jantar temperado.
Aos 44 anos, o criminalista Roberto Podval havia sofrido somente duas derrotas nos 15 julgamentos de sua carreira. Ontem, perdeu mais um - seus clientes, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, foram condenados no início da madrugada, acusados da morte de Isabella Nardoni, de 5 anos. Nardoni foi sentenciado a 31 anos, 1 mês e 10 dias. Anna Jatobá, a 26 anos e 8 meses de prisão. "A sentença já estava decidida, né? Eu não tinha expectativas, nenhuma." Ontem, ele já havia recorrido da sentença.
Podval recebeu o Estado em seu apartamento, no 9.º andar de um prédio em Higienópolis. Rodeado de amigos, criticou o fato de, segundo ele, a madrasta de Isabella ter sido condenada sem provas. "O promotor usou o passado dela para falar que Anna Carolina asfixiou a menina, mas não havia provas (A acusação lembrou do ciúme em relação à mãe de Isabella, da busca por tratamento psiquiátrico e do histórico de violência doméstica)."
"Se não fosse júri popular, não tinha condenação. Mas o júri representa a sociedade, né? E a sociedade estava no limite entre a justiça e a vingança. Deu nisso."
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