DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Tragédia no Japão A agência de segurança nuclear do Japão elevou nesta sexta-feira a gravidade da crise nuclear na usina de Fukushima Daiichi de quatro para cinco, na Escala Internacional de Eventos Radiológicos e Nucleares, que vai até sete.
Em meio à crise, japoneses deixam Tóquio e mostram descrédito no governo
ARTE: Entenda o que causa as explosões em usina nuclear no Japão
Família deixa Sendai em ônibus fornecido pelo governo brasileiro; veja
Brasileiros que jogam no Japão chegam ao Brasil para 'férias forçadas'
O reconhecimento da gravidade dos danos na usina, agora "um acidente com vazamento limitado", vem em meio aos esforços para lançar toneladas de água para resfriar os reatores e evitar um vazamento massivo de radiação.
A crise em Fukushima é agora comparável ao acidente na ilha Three Mile, nos Estados Unidos, que sofreu uma fusão parcial em 28 de Março de 1979, causando vazamento de radioatividade para a atmosfera.
Mas ainda está abaixo da maior tragédia nuclear da história, a explosão em Tchernobil, na Ucrânia, considerada nível sete, o mais alto jamais alcançado, definido como "um acidente maior, com um efeito estendido à saúde ao meio ambiente".
Segundo a agência de notícias Kyodo, a avaliação se refere apenas aos reatores 1, 2 e 3 dos seis da usina de Fukushima Daiichi, que estavam em operação durante o terremoto de magnitude 9 que atingiu o leste do país há uma semana.
Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o núcleo dos reatores sofreu danos e teriam derretido parcialmente diante do aumento da temperatura, uma consequência da falha no sistema de refrigeração, causada pelo tremor.
Mesmo com o aumento, a avaliação japonesa continua abaixo da classificação feita pela Autoridade Francesa de Segurança Nuclear (ASN) --que havia classificado inicialmente o acidente como cinco, mas mudou nesta semana ao nível seis. O nível seis, ou "acidente grave", se refere a um "vazamento importante que pode exigir a aplicação integral de contramedidas previstas".
André Claude Lacoste, presidente da ASN, chegou a cogitar que o acidente em Fukushima chegue à gravidade de Tchernobil.
ÁGUA
Nesta sexta-feira, as autoridades japonesas retomaram as operações de resfriamento dos reatores e sete caminhões das Forças de Autodefesa (equivalente ao Exército) voltaram a lançar água no edifício que abriga o reator 3.
Os caminhões se aproximam do reator por turnos, em intervalos de cinco a dez minutos, e despejam água durante vários segundos, antes de se afastarem para dar passagem à leva seguinte.
A previsão é que 50 toneladas de água sejam lançadas durante a operação, segundo a emissora pública NHK, que mostrou imagens da unidade 3 em que eram vistas colunas de vapor e fumaça branca saindo da usina.
Na quinta-feira, foram jogadas 64 toneladas de água sobre o reator número 3 a partir de caminhões-pipa e helicópteros militares. Pouco depois, o governo anunciou que os níveis de radiação na usina nuclear registraram uma leve queda.
Segundo a agência de notícias Kyodo, os níveis caíram para 279,4 microsieverts por hora aproximadamente um km oeste do reator 2, às 5h desta sexta-feira (17h de quinta-feira em Brasília). Às 20h40 de quinta-feira (8h40 em Brasília), pouco depois do lançamento de água, o índice era de 292,2 microsieverts por hora.
De qualquer forma, o índice ainda está muito acima do nível de radiação normal de 0,035 microsievert por hora.
O reator número 3 enfrenta problemas com a piscina de armazenamento de combustível, diante da queda do nível de água que o cobre para impedir seu superaquecimento.
Embora as operações da quinta-feira tenham conseguido injetar líquido na piscina, os responsáveis da central consideram que o nível ainda é muito baixo e existe a possibilidade de a temperatura subir.
Nesta sexta-feira uma equipe do Departamento de Bombeiros de Tóquio viajou para Fukushima com 30 caminhões-pipa para colaborar nos esforços para controlar os seis reatores da usina.
ENERGIA
Também na quinta-feira, o Japão informou que engenheiros conseguiram colocar um cabo de energia da rede externa do reator 2.
"Eles planejam religar a energia na unidade 2 assim que o lançamento de água sobre o reator 3 estiver finalizado", disse a AIEA, em um comunicado, com base em informações cedidas pelo governo japonês.
A expectativa é que a eletricidade possa ser restabelecida já na manhã de sábado nos reatores 1 e 2 da usina.
O cabo, de mil metros de extensão, ligará a rede principal de energia ao reator para tentar reativar o funcionamento das bombas de água responsáveis pelo resfriamento do reator 2 --que foram desligadas depois do terremoto seguido pelo tsunami.
A agência nuclear do Japão disse que o reator 2 foi o primeiro a receber eletricidade porque sua cobertura não foi afetada.
Folha.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário