sexta-feira, 27 de abril de 2012

Defesa de Perillo pede que PGR apure se há elo com Cachoeira

O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), protocolou na tarde desta quinta-feira uma representação na Procuradoria Geral da República (PGR) pedindo que seu cliente seja investigado pela denúncia de um suposto pagamento de propina que teria recebido do bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Kakay disse que o pedido partiu do próprio Perillo, que não teme ser investigado e quer mostrar sua inocência no caso. "Estou fazendo isso a pedido de meu cliente, que quer ser investigado. A imagem dele está sendo deturpada e a investigação servirá para esclarecer tudo isso", justificou.
Segundo o advogado Marcelo Turbay Freiria, da equipe de defesa do governador, a solicitação para abrir um inquérito contra um cliente é pouco usual. "De fato, é um pedido inusitado. Ele (Perillo) resolveu tomar essa decisão depois que passou a ser foco dos vazamentos de informações, quando passou a ter seu nome mencionado em matérias jornalísticas relativas à operação (Monte Carlo, da Polícia Federal). Ele tem absoluta convicção de sua inocência, está tranquilo, sereno. Por isso, entendeu por bem requerer a instalação desse inquérito para esclarecer e provar que as denúncias são infundadas", disse.
O advogado destacou ainda que os relatórios da Polícia Federal indicam que não há elementos para pedir a investigação de Marconi Perillo. "Os próprios relatórios policiais das operações concluíram pelo não envolvimento dele com os fatos", disse Turbay Freiria.
Após analisar o pedido do governador, o procurador-geral Roberto Gurgel poderá arquivar a representação, pedir mais informações, ou ainda pedir a abertura de inquérito contra o governador ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), já ele ocupa o cargo de governador e tem foro privilegiado.
O nome de Perillo é citado nas gravações da Polícia Federal (PF) que integram material da Operação Monte Carlo. A operação resultou na prisão de Cachoeira no fim de fevereiro. No início deste mês, Eliane Gonçalves Pinheiro, chefe de gabinete do governador, foi exonerada após a divulgação de gravações que indicam que ela recebeu informações de Cachoeira sobre operações policiais sigilosas.
De acordo com reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, a campanha de Perillo recebeu recursos de empresas de fachada que serviam para redirecionar para políticos e laranjas recursos da Delta, empresa de construção com a qual suspeita-se que Cachoeira tivesse ligação. O inquérito da PF na Operação Monte Carlo indica, de acordo com a reportagem, que intermediários de Cachoeira entregaram dinheiro ao governador, no Palácio das Esmeraldas, sede do Poder Executivo local.
Carlinhos Cachoeira 
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.
Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.
Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.
Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.
Com informações da Agência Brasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário