sexta-feira, 4 de maio de 2012

Casa de Marconi Perillo está em nome de laranjas

Residência na qual foi preso Carlinhos Cachoeira jamais pertenceu ao empresário Walter Paulo, conforme afirmou o governador

Governador Marconi Perillo (PSDB-GO) Governador Marconi Perillo (PSDB-GO) (Dida Sampaio/AE)

A empresa que comprou a casa do governador Marconi Perillo (PSDB), em Goiânia (GO), na qual foi preso o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, está em nome de laranjas. Embora o governador afirme que vendeu a casa para o empresário Walter Paulo, dono da Faculdade Padrão – que por sua vez confirmou a compra do imóvel em entrevista ao jornal O Popular, de Goiânia – a Mestra Administração e Participações não tem nem nunca teve Walter Paulo em seu quadro societário.
Quando o imóvel foi vendido, a empresa estava em nome de Sejana Martins, Fernando Gomes Cardoso e Ecio Antônio Ribeiro. Sejana saiu da sociedade dois dias depois da venda da casa e, Fernando, em dezembro. Só Ecio permanece como dono da empresa. Sejana é diretora da Faculdade Padrão.
Em entrevista concedida no dia 2 de março ao jornal goiano, Perillo afirmou: "Isso a gente espalha para os amigos, pede ajuda. Aí o Wladimir (Garcêz, ex-vereador) entrou em contato. Quando fui passar a escritura, ele me informou que seria Walter Paulo o comprador. Eu nem falei com ele (Walter). O dono do cartório trouxe os documentos para eu assinar e depois levou ao comprador. Recebi os três cheques e fui fazendo os depósitos, como combinado".
Walter Paulo, por sua vez, afirmou no dia seguinte ao mesmo jornal: "Foi feito o negócio direitinho, peguei a escritura. Eu sabia que a casa era do governador, mas nunca falei com ele sobre isso. O senhor Wladimir é que fez os contatos. O governador assinou honestamente e a casa é minha". Desde a entrevista, nem Paulo nem seu advogado atendem à imprensa.
A Mestra Administração e Participações tem sede na cidade de Aparecida de Goiânia. Conforme o registro de imóveis, ela comprou a casa de Perillo pelo valor de 1,4 milhão de reais no dia 13 de julho de 2011, um dia após o contraventor Carlinhos Cachoeira e o ex-vereador Wladimir Garcêz serem flagrados tratando da venda de uma casa. Na conversa, gravada pela Polícia Federal durante a operação Monte Carlo, Garcêz diz a Cachoeira que iria se encontrar com Jayme Rincón – presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras e tesoureiro de Perillo na campanha de 2010 – em um shopping em Alphaville. Segundo a PF, Cachoeira diz ao ex-vereador para pegar "o dinheiro urgente".
Perillo já confirmou que tratou da casa com Garcêz, mas negou que a venda fosse para Cachoeira. A Faculdade Padrão foi a faculdade na qual Perillo estudou Direito. A instituição formou uma turma exclusiva para o governador e permitiu que ele frequentasse as aulas apenas aos fins de semana. O Ministério Público chegou a entrar com uma ação contra o privilégio.
"O dono era Paulo" - Em nota, Marconi Perillo afirmou que "a informação que chegou a ele era que o dono era Walter Paulo". "Vendi a residência e passei a escritura", informou. "A informação que chegou a mim pelo corretor é a de que o comprador era o sr. Walter Paulo. Recebi o dono do cartório, assinei a escritura e dei por encerrado o assunto". Ele reafirma a versão de que recebeu três cheques pela casa.
A reportagem tentou contato com Walter Paulo. Seu advogado não atendeu às ligações. No escritório de advocacia, um funcionário disse que iria informar Paulo sobre o contato, e que este retornaria "se houvesse algum interesse". Também ligou para o celular de Sejana e para o escritório onde ela trabalha, mas a secretária informou que ela não estava e retornaria a ligação, o que não ocorreu. Fernando Gomes Cardoso e Ecio Ribeiro não foram localizados. 
(Com Agência Estado)

Fonte: http://veja.abril.com.br

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