Residência na qual foi preso Carlinhos Cachoeira jamais pertenceu ao empresário Walter Paulo, conforme afirmou o governador
Governador Marconi Perillo (PSDB-GO)
(Dida Sampaio/AE)
A empresa que comprou a casa do governador Marconi Perillo (PSDB), em
Goiânia (GO), na qual foi preso o contraventor Carlos Augusto Ramos, o
Carlinhos Cachoeira, está em nome de laranjas. Embora o governador
afirme que vendeu a casa para o empresário Walter Paulo, dono da
Faculdade Padrão – que por sua vez confirmou a compra do imóvel em
entrevista ao jornal O Popular, de Goiânia – a Mestra Administração e Participações não tem nem nunca teve Walter Paulo em seu quadro societário.
Quando o imóvel foi vendido, a empresa estava em nome de Sejana
Martins, Fernando Gomes Cardoso e Ecio Antônio Ribeiro. Sejana saiu da
sociedade dois dias depois da venda da casa e, Fernando, em dezembro. Só
Ecio permanece como dono da empresa. Sejana é diretora da Faculdade
Padrão.
Em entrevista concedida no dia 2 de março ao jornal goiano, Perillo
afirmou: "Isso a gente espalha para os amigos, pede ajuda. Aí o Wladimir
(Garcêz, ex-vereador) entrou em contato. Quando fui passar a escritura,
ele me informou que seria Walter Paulo o comprador. Eu nem falei com
ele (Walter). O dono do cartório trouxe os documentos para eu assinar e
depois levou ao comprador. Recebi os três cheques e fui fazendo os
depósitos, como combinado".
Walter Paulo, por sua vez, afirmou no dia seguinte ao mesmo jornal:
"Foi feito o negócio direitinho, peguei a escritura. Eu sabia que a casa
era do governador, mas nunca falei com ele sobre isso. O senhor
Wladimir é que fez os contatos. O governador assinou honestamente e a
casa é minha". Desde a entrevista, nem Paulo nem seu advogado atendem à
imprensa.
A Mestra Administração e Participações tem sede na cidade de Aparecida
de Goiânia. Conforme o registro de imóveis, ela comprou a casa de
Perillo pelo valor de 1,4 milhão de reais no dia 13 de julho de 2011, um
dia após o contraventor Carlinhos Cachoeira e o ex-vereador Wladimir
Garcêz serem flagrados tratando da venda de uma casa. Na conversa,
gravada pela Polícia Federal durante a operação Monte Carlo, Garcêz diz a
Cachoeira que iria se encontrar com Jayme Rincón – presidente da
Agência Goiana de Transportes e Obras e tesoureiro de Perillo na
campanha de 2010 – em um shopping em Alphaville. Segundo a PF, Cachoeira
diz ao ex-vereador para pegar "o dinheiro urgente".
Perillo já confirmou que tratou da casa com Garcêz, mas negou que a
venda fosse para Cachoeira. A Faculdade Padrão foi a faculdade na qual
Perillo estudou Direito. A instituição formou uma turma exclusiva para o
governador e permitiu que ele frequentasse as aulas apenas aos fins de
semana. O Ministério Público chegou a entrar com uma ação contra o
privilégio.
"O dono era Paulo" - Em nota, Marconi Perillo afirmou que "a
informação que chegou a ele era que o dono era Walter Paulo". "Vendi a
residência e passei a escritura", informou. "A informação que chegou a
mim pelo corretor é a de que o comprador era o sr. Walter Paulo. Recebi o
dono do cartório, assinei a escritura e dei por encerrado o assunto".
Ele reafirma a versão de que recebeu três cheques pela casa.
A reportagem tentou contato com Walter Paulo. Seu advogado não atendeu
às ligações. No escritório de advocacia, um funcionário disse que iria
informar Paulo sobre o contato, e que este retornaria "se houvesse algum
interesse". Também ligou para o celular de Sejana e para o escritório
onde ela trabalha, mas a secretária informou que ela não estava e
retornaria a ligação, o que não ocorreu. Fernando Gomes Cardoso e Ecio
Ribeiro não foram localizados.
(Com Agência Estado)Fonte: http://veja.abril.com.br
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