Maurílio Hallak (esq.), Rosina do Pilar e
Sidney de Souza são alguns dos cinco nomes citados em denuncia de
compra de votos - Fotos: Gazeta
O cerco está fechando aos crimes
eleitorais de São João del-Rei. Isso porque a Justiça sentenciou cinco
políticos da cidade, em segunda instância, por improbidade
administrativa.
A decisão foi tomada pelo Tribunal de
Justiça mineiro na última semana de abril e segue para Superior
Instância, em Brasília (DF). A ação foi motivada por denúncia de compra
de votos nas eleições de 2008.
Dentre os acusados está a atual
vereadora Rosina do Pilar Nascimento (DEM), que pode perder o mandato e,
ainda, o direito de disputar cargos públicos por três anos.
Além dela também foram sentenciados o
ex-prefeito municipal, Sidney Antonio de Souza (PHS), Sidinho do
Ferrotaco; o ex-presidente da Câmara, Maurílio Caxias Chaffy Hallak
(PMDB), Bolão; e os candidatos Hélio do Carmo Almeida (PPS), o Hélio da
Sandra, e Sebastião Roberto de Carvalho (PRTB), o Roberto da Bertinha.
Todos correm o risco de perderem direitos políticos, ressarcirem gastos
com compra de votos e, ainda, pagarem multas.
O processo foi aberto pelo Ministério
Público (MP) quatro anos atrás a partir de denúncias da Associação dos
Movimentos Sociais, Moradores e Amigos de São João Del Rei (AMAS Del
Rey) alegando práticas ilícitas na compra e doação de areia e cascalho a
eleitores, utilizando, inclusive, caminhões da prefeitura.
Na época, o presidente do grupo, Air
Resende, entregou fotos ao MP nas quais os veículos do governo
são-joanense faziam a entrega do material. “Nosso objetivo é fiscalizar o
serviço público e alertar para o que está errado. Como queríamos
eleições verdadeiras, fomos atrás das provas. O Ministério Público
aceitou, abriu investigações e agora a Justiça está sendo feita, mesmo
com certa demora”, disse.
Rosina
Condenada nas
duas sentenças, a vereadora Rosina do Pilar Nascimento não foi
encontrada para falar sobre o assunto. Em terceiro mandato, a
legisladora já havia sinalizado a possibilidade de nova corrida por uma
cadeira na Câmara, mas fica impedida de disputar cargos eletivos, já que
foi condenada por órgãos colegiados.
A vereadora ainda pode recorrer e, caso
não seja absolvida em nova instância, terá seus direitos políticos
suspensos por três anos.
Rosina foi procurada pela redação da Gazeta
entre a segunda-feira, 7, e a quarta-feira, 9, data de fechamento desta
edição. Nenhuma ligação foi atendida ou retornada.
Além disso, na terça-feira, 8, a edil
não compareceu ao plenário, alegando problemas de saúde. Por volta das
17h, a reportagem do jornal chegou a procurar por Rosina em sua casa,
mas também não a encontrou para falar sobre o assunto.
Sidinho
Ex-prefeito,
da administração 2004/2008, e candidato a deputado estadual nas
eleições de 2010, Sidney Antonio de Souza disse que os rumos do processo
não frustram planos eleitorais.
“Não pretendia me candidatar neste ano.
Nem em 2014”, disse Souza, que alegou inocência das acusações. “A
Justiça entendeu que eu, como líder do Executivo na época, também fui
responsável pelas doações irregulares aos eleitores. Mas o prefeito não
controla caminhões. A prefeitura é grande, com várias secretarias e
servidores. Nem tudo corria pelas minhas mãos”, argumentou.
Na época da denúncia, conforme lembra
matéria publicada pela Gazeta em março de 2010, o Ministério Público já
havia encaminhado ofício ao então administrador municipal solicitando
que programas sociais para doação de bens, valores e benefícios vigentes
desde 2007 fossem extintos em São João.
Apesar disso o prefeito teria promovido
“a distribuição de vales de cargas de cascalho e areia entre os demais
representados para que fossem doados aos eleitores com a finalidade de
captação ilícita de sufrágio”, citou o documento da ação.
Sidinho é
mencionado em seis processos listados pelo Tribunal de Justiça em Minas
Gerais. Dois deles por improbidade administrativa.
Sebastião
Candidato
ao Legislativo são-joanense pelo PRTB em 2008, Sebastião Roberto de
Carvalho chegou a ser absolvido das acusações em primeira instância. No
entanto, a sentença foi anulada pelo Tribunal Regional Eleitoral de
Minas Gerais.
Apesar de nova condenação no
prosseguimento do processo, o ex-pretendente a vaga no plenário vai
entrar com novo recurso. É o que garante o advogado do acusado, Paulo
César Oliveira do Carmo.
Segundo o defensor, o argumento central
para a tentativa de absolvição é a falta de evidências concretas contra o
cliente. “As provas existentes no processo tentam vinculá-lo à compra
de votos. Mas para condenar são necessárias provas indubitáveis. Não é o
caso. Não há provas suficientes que comprovam que os eventuais bens
móveis foram adquiridos por ele para doação”, comentou o advogado.
Carvalho não foi localizado para comentar sobre o caso.
Maurílio e Hélio
Presidente
da Câmara em 2008, Maurílio Caxias Chaffy Hallak tentava a reeleição
pelo PMDB quando foi denunciado por suposto crime eleitoral. Procurado
pela Gazeta de São João del-Rei, o ex-líder da bancada desviou de todas
as tentativas de contato.
Depois de não atender ligações da
editora e de uma repórter, um amigo de Hallak entrou em contato com a
redação avisando que o ex-vereador havia esquecido o telefone em um bar,
dificultando qualquer possibilidade de conversa. Em duas visitas à
residência do ex-candidato, o mesmo não foi encontrado.
Na quarta-feira, 9, por volta das 17h30,
nova investida por telefone. Dessa vez a ligação foi atendida, mas o
interlocutor nada disse à repórter. No entanto, com a chamada ainda
ativa, foi possível ouvir do outro lado da linha: “É a repórter da
Gazeta. Ela tem dois números”. Em seguida a chamada foi encerrada. A
situação foi gravada.
O ex-vereador Hélio do Carmo Almeida
também foi contatado por telefone na terça-feira, 8, porém a ligação foi
atendida por uma parente que disse só ser possível encontrá-lo ao final
do dia. Ao retornar, as ligações não foram mais atendidas.
Fonte: AMARRIBO
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