quinta-feira, 21 de junho de 2012

Possível compra de voto na Câmara é investigada em Caldas Novas, GO

Segundo gravação, preço negociado foi de R$ 100 mil, mais assessor extra.
Envolvidos no escândalo prestaram depoimento no MP e alegam inocência.

 

Uma conversa gravada entre dois vereadores de Caldas Novas pode revelar um esquema de compra de votos dentro da Câmara, para a eleição da presidência da casa. O pleito foi no final de 2010, e a gravação de um diálogo foi postada na internet. De acordo com vídeo publicado na internet, o voto de um vereador foi negociado por R$ 100 mil e um assessor extra. O Ministério Público abriu inquérito para investigar o caso. Os dois principais suspeitos prestaram depoimento na quarta-feira (20).
São suspeitos de participar da conversa o presidente da Câmara, André Rocha, e o vereador Celso Guaíra. Na gravação, o vereador cobra parte de um possível acordo feito em dinheiro com o presidente da Câmara. Guaíra teria vendido o voto ao até então candidato André Rocha. Os suspeitos se defendem e negam a existência da transação ilícita.
De acordo com um dos trechos da suposta gravação, Guaíra e Rocha negociaram a compra do voto.
Guaíra: - Eu te passo R$ 50 mil por ano ou o dobro do salário para você, não foi? Você não fez?
Rocha: - Você está cobrando um compromisso que eu fiz lá atrás e realmente eu falei mesmo... Falei vou dar os 50.
A votação para presidência foi realizada no dia 7 de dezembro de 2010. Concorriam ao cargo a vereadora Gisélia Custódio e o vereador André Rocha. Ele venceu por seis votos contra quatro obtidos pela oponente. Se tivesse havido um empate, Gisélia teria sido eleita por ser mais velha.
 
Defesas
André Rocha nega que tenha participado da conversa e do suposto acordo em troca de apoio. “Eu ouvi por alto. O meu irmão me passou por alto o teor da conversa. Falei aqui no meu discurso aqui na tribuna desta casa [a Câmara de Vereadores] que, ao longo deste mandato, eu tive uma amizade muito grande com o vereador Celso Guaíra e, então, eu tive vários diálogos com ele. Agora, a respeito da presidência desta Câmara, tive o voto dele espontâneo e sem qualquer tipo de pagamento”, destaca o presidente da Câmara.
Celso Guaíra também se defende. Ele já foi ouvido pelo Ministério Público e pediu à promotoria para se manisfestar sobre o caso somente no dia 12 de julho. “Eu preciso de um prazo para que eu possa tomar conhecimento de todos os detalhes dessa suposta gravação, que foi entregue ao Ministério Público, para que eu possa analisar o conteúdo dela, analisar os fatos para que eu possa prestar depoimento ao Ministério Público, pois é muito importante esclarecer os fatos com a Justiça”, afirma.
 
Assessor
Em outra parte da suposta gravação, Guaíra e Rocha falam sobre a criação de mais um cargo de assessor apenas para o gabinete de Celso Guaíra.
Guaíra: - Você tinha feito um compromisso comigo de por mais um assessor para mim no gabinete. E eu não tenho ele.
Rocha: - Tem... Uai...
Guaíra: - Eu tenho quatro assessores como todo gabinete tem...
Rocha: - Eu sei, Guaíra... mas para eu colocar pra você, eu tinha que criar pros outros...
Guaíra: - Não, mas é compromisso de presidência meu e seu. Cê falou, “eu vou arrumar mais um assessor procê”... Mas é que hoje eu não tenho esse assessor.
 
Inquérito
O Ministério Público abriu inquérito civil para investigar o caso. Celso Guaíra e André Rocha irão responder nas esferas política e criminal e por improbidade administrativa. A promotoria requisitou à Câmara Municipal que seja aberto um procedimento para apuração da quebra de decoro e aconselhou que o presidente da Câmara André Rocha seja afastado do cargo, durante a investigação. Com relação à gravação, será feita uma perícia para confirmar a veracidade da conversa.
A promotoria também investiga se o suposto pagamento teria sido feito com dinheiro público. O Ministério Público começa a ouvir nesta quinta-feira (21) os demais vereadores da Câmara de Caldas Novas. O corregedor Waldo Palmerston disse por telefone à TV Anhanguera que ainda não foi notificado oficialmente pelo Ministério Público e que ele ainda não ouviu a suposta gravação. Ele afirmou que, assim que tomar conhecimento, irá investigar o caso e decidir qual a melhor decisão a ser tomada.

Fonte: G1

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