SÍLVIA FREIRE
ENVIADA ESPECIAL A MACEIÓ (AL)
A menos de uma semana da eleição, o candidato ao governo de Alagoas Ronaldo Lessa (PDT) foi indiciado pela Polícia Federal por suspeita de superfaturamento de obras públicas realizadas pela construtora Gautama. A informação foi confirmada pela assessoria do pedetista.
Inquérito da PF, presidido pelo delegado Felipe Vasconcelos Correia, concluiu que houve superfaturamento na obra de macrodrenagem do Tabuleiro dos Martins, em Maceió, causando um prejuízo de R$ 46 milhões (em valores atuais) ao Estado. A obra foi iniciada antes da gestão Lessa (de 1999 a 2006) e concluída durante seu governo.
Para a campanha de Lessa, que está hoje no interior de Alagoas, o indiciamento é político.
A executiva nacional do PDT divulgou uma nota na qual "lamenta" que a PF esteja "politizando suas ações" para favorecer o adversário de Lessa na disputa.
A nota solicita publicamente ao Ministério da Justiça providência para "coibir o abuso de autoridade" da PF em Alagoas.
A Polícia Federal disse, por meio de sua assessoria de comunicação, que não irá comentar a conclusão do inquérito em razão do período eleitoral. A PF também não quis comentar as declarações do partido e do candidato.
O governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), adversário de Lessa na disputa, disse que não tem interferência na atuação da PF e que, se houvesse politização da Polícia Federal, seria no sentido de prejudicá-lo, pois está sob comando do governo federal.
Lessa tem o apoio do presidente Lula e tem como candidato a vice o petista Joaquim Brito.
Há cerca de duas semanas, a PF disse ter notificado o ex-governador a prestar depoimento no inquérito que apurou o superfaturamento. A assessoria jurídica do candidato disse que ele não chegou a ser notificado.
Na semana passada, o advogado de Lessa, José Fragoso, disse que apresentou um requerimento à PF colocando seu cliente à disposição para ser ouvido, o que não ocorreu.
A PF concluiu o inquérito sem ouvir o ex-governador. O documento foi enviado ao Ministério Público Federal ontem.
Em entrevista à Folha na semana passada, Fragoso disse que Lessa negava irregularidades na macrodrenagem. O ex-governador afirma que apenas concluiu uma obra já iniciada antes de sua gestão.
Em 2007, a construtora Gautama esteve no foco da investigação da Operação Navalha, realizada pela PF, que apurou um possível esquema de superfaturamento em obras públicas em diversos Estados.
A macrodrenagem não estava entre as obras investigadas pela operação. A reportagem não conseguiu falar com representantes da Gautama.
O atual governador já foi denunciado pelo Ministério Público Federal, em 2008, por suspeita de participação no esquema investigado na Operação Navalha. O governador nega envolvimento.
Fonte: Folha.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário