O Estado de S.Paulo
Dificilmente o governador tucano de Goiás, Marconi Perillo, deixará de ser
convocado pela segunda vez para depor na CPI mista do Congresso que investiga a
relação do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com
políticos, administradores públicos e empresários. Da primeira vez, em junho,
ele foi chamado na condição de testemunha. Dominou a sessão, para a qual, aliás,
arregimentou uma entusiasmada claque. Da próxima vez, se ocorrer, depois do
recesso parlamentar que vai de hoje até o fim do mês, irá na condição de réu.
Mas não é certo que volte a dar o seu "showzinho", como diz o líder petista na Câmara dos Deputados, Jilmar Tatto. Segundo ele, a oitiva seria redundante porque a comissão já teria elementos para representar contra Perillo junto ao Ministério Público e ao STJ, onde são julgadas ações envolvendo governadores de Estado. O goiano provavelmente tratará de obter do Supremo Tribunal Federal (STF) a licença já concedida a outros depoentes, a começar do próprio Cachoeira, para entrar mudo e sair calado da sala de reuniões da CPI.
De todo modo, a sua sorte no inquérito parece traçada - e não será apenas porque o PT quer o seu escalpo e extrairá tudo e mais alguma coisa da oportunidade de se vingar do adversário que revelou ter alertado o então presidente Lula, numa conversa a dois, sobre um esquema em curso na Câmara para a compra de votos a favor do governo, que entraria para a história com o rótulo de mensalão. O que ameaça o futuro político de Perillo são as contundentes evidências de sua participação no triângulo em cujas outras pontas estão Cachoeira e a notória construtora Delta, de Fernando Cavendish.
Até os companheiros do PSDB, a julgar pelo que dizem e como o dizem, o defendem mais por dever de ofício do que por convicção de sua inocência. É sintomático que o presidente da legenda, o pernambucano Sérgio Guerra, prefira dar ênfase à necessidade de a CPI focalizar outros governadores, como o petista Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, onde a sociedade entre o bicheiro e a empreiteira tentou abocanhar lucrativos contratos, e o peemedebista Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, o mais ostensivo dos amigos políticos de Cavendish. Mas o fato é que, por enquanto, há pouco contra Agnelo e nada contra Cabral.
O golpe talvez decisivo para a reputação de Perillo é um relatório de 70 páginas da Polícia Federal enviado em fins de junho à Procuradoria-Geral da República, do qual a CPI não tinha conhecimento. Divulgado pela revista Época, o documento se vale da interceptação, nos primeiros meses do ano passado, de 169 telefonemas entre Cachoeira, seu agente político Wladimir Garcez, ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia e homem de confiança de Perillo, e o ex-diretor da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu. As conversas giram em torno do que o relatório denomina "compromisso" entre o governador e a empresa.
Reduzido aos seus termos básicos, tratou-se de um acordo, intermediado por Cachoeira, pelo qual o governo de Goiás pagaria R$ 9,6 milhões devidos à Delta em troca de um pedágio de R$ 500 mil para o governador. Quase tão antigo como o Brasil, é o clássico esquema de criar dificuldades para vender facilidades. O alegado suborno de Perillo se materializou no bojo de uma transação imobiliária. Ao revender a casa que comprara dele, por interposta pessoa, o contraventor repassou a um assessor do governador o meio milhão solicitado. O dinheiro, vindo de uma empresa laranja da Delta, tinha sido lavado pelo esquema Cachoeira.
Mas não é certo que volte a dar o seu "showzinho", como diz o líder petista na Câmara dos Deputados, Jilmar Tatto. Segundo ele, a oitiva seria redundante porque a comissão já teria elementos para representar contra Perillo junto ao Ministério Público e ao STJ, onde são julgadas ações envolvendo governadores de Estado. O goiano provavelmente tratará de obter do Supremo Tribunal Federal (STF) a licença já concedida a outros depoentes, a começar do próprio Cachoeira, para entrar mudo e sair calado da sala de reuniões da CPI.
De todo modo, a sua sorte no inquérito parece traçada - e não será apenas porque o PT quer o seu escalpo e extrairá tudo e mais alguma coisa da oportunidade de se vingar do adversário que revelou ter alertado o então presidente Lula, numa conversa a dois, sobre um esquema em curso na Câmara para a compra de votos a favor do governo, que entraria para a história com o rótulo de mensalão. O que ameaça o futuro político de Perillo são as contundentes evidências de sua participação no triângulo em cujas outras pontas estão Cachoeira e a notória construtora Delta, de Fernando Cavendish.
Até os companheiros do PSDB, a julgar pelo que dizem e como o dizem, o defendem mais por dever de ofício do que por convicção de sua inocência. É sintomático que o presidente da legenda, o pernambucano Sérgio Guerra, prefira dar ênfase à necessidade de a CPI focalizar outros governadores, como o petista Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, onde a sociedade entre o bicheiro e a empreiteira tentou abocanhar lucrativos contratos, e o peemedebista Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, o mais ostensivo dos amigos políticos de Cavendish. Mas o fato é que, por enquanto, há pouco contra Agnelo e nada contra Cabral.
O golpe talvez decisivo para a reputação de Perillo é um relatório de 70 páginas da Polícia Federal enviado em fins de junho à Procuradoria-Geral da República, do qual a CPI não tinha conhecimento. Divulgado pela revista Época, o documento se vale da interceptação, nos primeiros meses do ano passado, de 169 telefonemas entre Cachoeira, seu agente político Wladimir Garcez, ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia e homem de confiança de Perillo, e o ex-diretor da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu. As conversas giram em torno do que o relatório denomina "compromisso" entre o governador e a empresa.
Reduzido aos seus termos básicos, tratou-se de um acordo, intermediado por Cachoeira, pelo qual o governo de Goiás pagaria R$ 9,6 milhões devidos à Delta em troca de um pedágio de R$ 500 mil para o governador. Quase tão antigo como o Brasil, é o clássico esquema de criar dificuldades para vender facilidades. O alegado suborno de Perillo se materializou no bojo de uma transação imobiliária. Ao revender a casa que comprara dele, por interposta pessoa, o contraventor repassou a um assessor do governador o meio milhão solicitado. O dinheiro, vindo de uma empresa laranja da Delta, tinha sido lavado pelo esquema Cachoeira.
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