GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA
Presidente da CPI do Cachoeira, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) rebateu hoje as acusações do PSDB de que a comissão age de forma partidária numa ação orquestrada contra o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Vital afirmou que "não há nenhum direcionamento" e os "ataques" dos tucanos são políticos, mas admite que o foco da CPI está em Goiás porque a organização criminosa investigada agia no Estado.
"Dentro de um contexto efetivo que a geografia regional do fato determinado se impõe, a organização criminosa se estabeleceu majoritariamente dentro do Estado de Goiás. As pessoas muito mais inquiridas são de Goiás."
Na defesa dos trabalhos do relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), Vital disse que o parlamentar tem "procurado cumprir sua tarefa com absoluta isenção". "O relator é um membro da CPI, com posições que hão de ser rejeitadas, e esse plano de trabalho vem sendo fielmente sendo cumprido pelo relator."
O senador disse que a disputa PT x PSDB não vai "inviabilizar" os trabalhos da CPI, nem influenciar no resultado das investigações. "A presidência vai conduzir para que a questão política não atrapalhe os trabalhos."
Vital não quis opinar sobre a possível reconvocação de Perillo para falar à comissão. Disse que o requerimento que pede o novo depoimento do governador será analisado no início de agosto, quando a comissão volta a se reunir depois do recesso parlamentar de julho.
São 280 requerimentos, entre eles o da convocação de Perillo, que esperam a análise da CPI. Em agosto, a comissão vai trabalhar a partir do dia 7, às terças e quartas-feiras, para ouvir depoimentos e votar requerimentos.
"Goiás é o território inicial da quadrilha. Isso é lógico, qualquer criança sabe disso, nasceu lá e passou a se estender por lá. Mas por ser o núcleo da quadrilha em GO, não é fator determinante o Perillo voltar ou não."
Em defesa de Perillo, o PSDB fez ontem um ato de desagravo ao governador. A cúpula tucana acusa do PT de usá-lo como "cortina de fumaça" para esconder o julgamento do mensalão, marcado para agosto no STF (Supremo Tribunal Federal). Segundo o PSDB, Perillo tem a confiança e o apoio da sigla, deu as explicações necessárias e não precisa retornar à comissão.
Perillo voltou ao foco da CPI depois da divulgação de relatório da Polícia Federal que mostra que o tucano recebeu propina para liberar verbas para a construtora Delta, da qual o empresário Carlinhos Cachoeira é sócio oculto. As informações foram divulgadas pela revista "Época", no fim de semana.
SENADOR
Sobre a possibilidade de a comissão ouvir o senador Wilder Morais (DEM-GO), suplente do ex-senador Demóstentes Torres, Vital do Rêgo disse que a sua convocação será discutida pela CPI junto com os demais requerimentos.
"O senador Wilder teve contatos com o senhor Carlos Augusto, segundo interceptações telefônicas. Eu não vi se o teor do requerimento [de convocação]. A presidência não versa sobre conceitos isolados de requerimento."
O suplente de Demóstenes, que tomou posse na sexta-feira, foi flagrado em conversa com Cachoeira na qual o empresário afirma que o indicou para a suplência. Morais nega a acusação e diz que o diálogo foi vazado de forma seletiva, sem permitir a conclusão real dos fatos.
Fonte: Folha.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário